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* Por Cesar Faccio, secretário executivo da Coalizão Embalagens
O sistema de Logística Reversa (LR) de embalagens no Brasil tem avançado de forma significativa desde a assinatura do Acordo Setorial Federal de 2015, marco que consolidou a corresponsabilidade entre o setor produtivo e o poder público pela destinação ambientalmente adequada dos resíduos.
A publicação de novas regulamentações ampliou a participação das empresas, promoveu maior integração entre os atores da cadeia e elevou a confiabilidade dos dados de comprovação das massas recuperadas. A consolidação dos mecanismos de rastreabilidade das notas fiscais é um avanço decisivo nesse processo, garantindo mais transparência e segurança às informações reportadas ao poder público.
Esses resultados refletem a maturidade crescente do sistema e o compromisso do setor empresarial com o fortalecimento da economia circular no país.
Durante essa trajetória, diversos estados brasileiros editaram normas e decretos próprios para regular a logística reversa de embalagens. Embora esses instrumentos representem um avanço em termos de regionalização e protagonismo local, muitos não se alinham integralmente ao marco regulatório federal e exigem a apresentação de Relatórios de Resultados distintos por unidade federativa.
Esse quadro evidencia a necessidade de aprimorar os mecanismos de coordenação federativa e promover uma padronização normativa que simplifique processos, reduza sobreposições e fortaleça a transparência dos resultados ao nível nacional.
Além disso, é fundamental que as políticas estaduais e municipais ampliem sua convergência com as diretrizes federais, priorizando a inclusão socioeconômica das Organizações de Catadores, que desempenham papel central na estruturação do sistema.
Expansão e desigualdades estruturais
Outro ponto que merece atenção é a expansão territorial da logística reversa. Embora o modelo já apresente ampla capilaridade graças à atuação das cooperativas e associações de catadores, ainda persistem condições estruturantes desiguais que limitam sua consolidação no país.
Entre as mais urgentes, destacam-se:
– o fechamento definitivo dos lixões, ainda presentes em diversas cidades;
– a implementação e o fortalecimento da coleta seletiva, que segue limitada e desigual entre municípios e regiões;
– e a modernização da infraestrutura de triagem, essencial para garantir eficiência operacional e qualidade dos materiais recuperados.
Enfrentar essas desigualdades é condição indispensável para transformar o atual sistema em um modelo verdadeiramente integrado, eficiente e capaz de gerar resultados robustos, auditáveis e alinhados às metas ambientais do país.
Perspectivas para 2026
O próximo ano será decisivo para consolidar o novo ciclo da logística reversa no Brasil. Com a regulamentação amadurecendo, espera-se o fortalecimento dos mecanismos de verificação e auditoria de resultados, a integração de dados entre estados e União e o avanço de iniciativas estruturantes voltadas à inclusão dos catadores e ao desenvolvimento de infraestrutura regional.
A Coalizão Embalagens seguirá empenhada em contribuir para esse processo, atuando como elo entre o setor produtivo, o poder público e a sociedade civil. Acreditamos que a logística reversa deve continuar evoluindo não apenas como uma obrigação legal, mas como um instrumento de transformação ambiental, social e econômica.
O caminho já começou a ser trilhado e 2026 precisa ser o ano em que o Brasil consolide um sistema de logística reversa cada vez mais transparente, inclusivo e integrado.