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A reciclagem e a retomada econômica

Publicado em: às 16:10 por: @ Notícias
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A reciclagem e a retomada econômica

Investimentos na cadeia de reciclagem soam como potenciais auxiliares para o desenvolvimento pós pandemia

Os impactos da pandemia na economia global estão longe de serem tímidos. A restrição às atividades como forma de conter a disseminação do novo coronavírus – recomendada pelas entidades de saúde internacionais e adotada em diferentes graus por todo o mundo – reduziu consideravelmente o desempenho das indústrias e dos setores de comércio e serviços. A recuperação foi iniciada ainda em maio de 2020, logo após o pico da crise, mas a estabilização parece estar longe.

As projeções mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI), publicadas no relatório World Economic Outlook, sugerem que a economia mundial deve crescer 5,5% em 2021 e 4,2% em 2022. Isso após uma contração global estimada em -3,5% em 2020. Porém, segundo declarado no documento, “a força de recuperação deve variar significativamente entre os países”.

Diante desse cenário, todo empenho rumo ao crescimento econômico se faz necessário e o FMI faz menções, inclusive, a preocupações com a sustentabilidade ambiental como forma de apoiar a recuperação após recessão pandêmica. A proposta é a de que não se pode ignorar a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa para evitar que o planeta atinja temperaturas insustentáveis. Para isso, uma forma de contribuir com o meio ambiente e auxiliar no desenvolvimento econômico está em combinar investimentos verdes com aumento dos preços do carbono, equação que levaria à redução necessária de emissões e a um suporte para uma economia mundial mais forte e sustentável no médio prazo.

Dentro dessa percepção, a reciclagem surge como um caminho profícuo, visto que apoiar iniciativas focadas na logística reversa e que batalham para a consolidação da economia circular pode ser considerado um investimento verde e trata-se de um processo de sustentabilidade que também reduz as emissões de carbono tanto direta quanto indiretamente.

O efeito direto está na redução da emissão de gases durante decomposição dos materiais nos locais de descarte dos resíduos sólidos e o indireto na redução das emissões ocorridas na produção dos materiais virgens, intensiva em energia. Segundo a Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ANCAT), o volume recuperado nas cooperativas e associações acompanhadas pela entidade em 2018, equivale a 29 mil toneladas de CO2.

Em um país continental como o Brasil, com mais de 210 milhões de habitantes, esse mercado se engrandece. Relatório do departamento de sustentabilidade do Sebrae compila alguns dados do setor e destaca que os brasileiros produzem, por ano, aproximadamente 78 milhões de toneladas de resíduos, 30% deles com potencial para serem reaproveitados. Além disso, o setor de reciclagem gera cerca de 332 mil empregos diretos.

Usando como base um país que lidera o ranking da reciclagem no mundo, a Alemanha, a percepção da reciclagem como um mercado capaz de contribuir com a recuperação econômica torna-se ainda mais forte. Por lá, de acordo com documento Waste Management in Germany 2018, do Ministério Federal do Meio Ambiente, a gestão de resíduos evoluiu para uma poderosa economia que envolve mais de 270 mil pessoas trabalhando em cerca de 11 mil empresas que faturam aproximadamente 70 bilhões de euros por ano. E a população da Alemanha é 2,5 vezes menor do que a brasileira.