Coalizão Embalagens

Catadores de materiais recicláveis – Formalização protege o trabalhador e otimiza o sistema

Publicado em: às 00:01 por: @ Sem categoria
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Catadores de materiais recicláveis – Formalização protege o trabalhador e otimiza o sistema

Setor ainda é prioritariamente informal; benefícios da regularização são visíveis

Um dos grandes focos de atuação da Coalizão Embalagens está na profissionalização, levando os catadores informais para dentro das cooperativas e garantindo, assim, melhores condições de trabalho para todos e a otimização do sistema.

Os benefícios da formalização desta modalidade de trabalho são reconhecidos e elencados em publicações de interesse do segmento. O relatório “O Futuro do Setor de Gestão de Resíduos – Tendências, oportunidades e desafios para a década”, publicado pela International Solid Waste Association (ISWA), é um exemplo. O texto reforça que o cenário da informalidade foi construído com base em necessidades econômicas e má gestão pública no âmbito da recuperação de materiais. Com isso, muitos trabalhadores encontraram, nas ruas, oportunidades de renda.

Segundo publicação da Women in Informal Employment: Globalizing and Organizing (Wiego), o emprego entre catadores no Brasil é predominantemente informal. Isso representa uma grande quantidade de trabalhadores autônomos que ganham a vida catando materiais recicláveis nas ruas ou em lixões e, posteriormente, vendendo em ferros velhos ou para sucateiros.

Claro que essa atuação não é prejudicial para o meio ambiente, afinal são pessoas que contribuem com a separação e o descarte corretos de itens recicláveis e, dessa atividade, tiram seu sustento. Mas a que custo?

Estudiosos sugerem que o trabalho direto em lixões a céu aberto traz mais prejuízos à expectativa de vida do que a malária. Tanto que essa é uma atividade considerada insalubre em grau máximo, já que esses cidadãos acabam expostos a muitos riscos como calor excessivo, queda, atropelamento, umidade, condições climáticas e contaminações diversas.

De acordo com dados da Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat) publicados no Anuário da Reciclagem de 2021, as cooperativas têm cerca de 37 catadores cada uma, o que representaria um total de 50.831 catadores operando no setor formal no país. O documento também traz dados financeiros. A renda média mensal desses catadores pertencentes às organizações é de R$ 1.098,00, sendo que as regiões norte e nordeste têm rendimentos inferiores à média nacional, enquanto as regiões sul e sudeste têm rendimentos maiores.

Com o aumento da expectativa de vida, da urbanização e do consumo, a geração de lixo tende a aumentar. O documento da ISWA diz que, em 2050, teremos de lidar com 3,4 bilhões de toneladas de resíduos todos os anos no mundo. Assim, é preciso investir ainda mais em coleta seletiva. Isso leva a uma necessidade de ampliação da base de cooperativas e um aumento no número de vagas, o que pode inclusive ser um caminho para tirar esses catadores da informalidade.

Devido a todos esses fatores, é preciso enfatizar a importância da regularização do setor, atividade capaz de promover a proteção da saúde dos trabalhadores e o acesso a empregos dignos e, simultaneamente, aumentar a produtividade, a transparência e o potencial do sistema de gestão de resíduos.